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As surpresas do Enem 2019

por Gabriel Verdin, especial para o portal Mais Educação
Diretor pedagógico do QI Pré-Vestibular

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apresentou, em mais um ano, uma verdadeira prova de resistência para os cidadãos brasileiros que almejam conquistar o sonho da aprovação em uma universidade —de preferência, federal. Ao longo de dois dias de provas, com 90 questões de múltipla escolha em cada um deles, os candidatos encontraram um nível semelhante de dificuldade em relação aos anos anteriores. No primeiro (dia 3/11), foram 45 sobre linguagens, códigos e suas tecnologias e 45 sobre ciências humanas e suas tecnologias, além da prova de redação sobre democratização do acesso ao cinema no Brasil. No segundo dia (10/11), 45 questões sobre ciências da natureza e 45 sobre matemática desafiaram estudantes por todas as regiões do país.

As questões de ciências da natureza e matemática apresentaram perfil conteudista, que exigiu dos alunos domínio técnico, extrapolando a interpretação de textos. Ainda sobre matemática, encontrou-se o mesmo grau de dificuldade se comparados aos anos anteriores. Este perfil mais técnico será tendência dos próximos Exames, conforme sinalizou o Ministro da Educação.

Sobre as questões ligadas às ciências humanas e linguagem houve também uma manutenção do grau de exigência. Porém, alguns temas como geografia, humanas e política e História do Brasil surpreenderam. Fizeram falta questões abordando a Era Vargas (1930 e 1945) e o Regime Militar (1964-1985). Afinal, são períodos que marcaram sobremaneira a cultura, a política, a economia e a sociedade brasileira. Para dar um exemplo: juntando apenas aqueles dois momentos, tivemos três constituições federais.

Em relação à esperada e temida redação, o Enem manteve a tendência dos últimos anos de cobrar temas com exigências específicas, que exigem dos alunos uma preparação ampla, não restrita à temas específicos. De forma objetiva, os candidatos devem ser preparados para escrever sobre qualquer tema que se insira nos eixos temáticos.”Democratização do acesso ao cinema no Brasil” foi o tema deste ano. O assunto é extremamente relevante e instigou os vestibulandos a trabalharem, no texto, os desafios da promoção de acesso à cultura por meio do cinema.

Outra surpresa do Enem foi o menor índice de abstenção na história do exame, o que mostra o engajamento dos inscritos. O índice de presentes ficou em 76,9% no primeiro dia e, 72,9% no segundo dia de prova. Fazendo um recorte para Minas Gerais, 534.648 pessoas se inscreveram. Desse total, 390.294 (73%) compareceram ao segundo dia de prova.

Fazer a prova, no entanto, foi só uma etapa do Enem 2019. Deste momento até a aprovação, os inscritos terão que segurar a ansiedade. No último dia 13, o Inep divulgou o gabarito oficial. Ainda assim, é preciso esperar, porque o número de acertos não corresponde a nota final. Isso porque a Teoria de Resposta ao Item (TRI), é o algoritmo usado pelo Enem para corrigir e dar nota às questões da prova. A TRI gera a nota final a partir da coerência pedagógica, ou seja, se o estudante tem grande número de acerto nas difíceis, mas erra as fáceis, a pontuação dele será menor. O que denota que ele chutou. Desta forma, por meio da TRI, o Enem exige do candidato não só domínio, mas também aprofundamento nas matérias.

A nota só será revelada quando abrirem as inscrições para ao Sisu. Então, é importante que o inscrito fique bastante atento à data de inscrição, que será em janeiro de 2020. É neste momento que será possível conhecer a nota oficial e saber quais as possibilidades de ingresso nas universidades federais.

Quem prestou o Enem 2019 e quiser conferir o gabarito, consegue apenas medir se foi bem ou mal, de acordo com o número de acertos. Para um curso muito concorrido, como medicina, direito e engenharia, é bom que o estudante já se inteire sobre as notas de corte do ano passado para prever se terá chances ou não.

É importante também já pensar num plano B e se programar. Criado pelo governo federal, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) concede empréstimos a juros baixos para ingresso em instituições privadas. Há também o Programa de Financiamento Estudantil (P-Fies), com o empréstimo feito junto a um banco privado.

Escolhas à parte, o Exame Nacional do Ensino Médio continua sendo o melhor caminho, na realidade do Brasil, para encontrar oportunidade e espaço nas universidades. Claro, para quem se dedicou em uma preparação de excelência.

Redação

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