Depois de um período de redução do ritmo de atividade, devido à pandemia, o setor de consultoria espeleológica apresenta sinais de retomada. Para debater o crescimento, riscos e fragilidades da área, será ministrada, no dia 7 de maio, às 10h30, a palestra “Cenário Atual e Perspectivas para a Consultoria Espeleológica”, conduzida pelo geólogo, pesquisador e espeleólogo Augusto Auler. A transmissão será feita pelas redes sociais da Carste Ciência Ambiental e faz parte das celebrações de 15 anos de atividades da consultoria.
Pioneiro no setor, Auler fundou a Carste em 2006, com foco em ser uma consultoria especializada em espeleologia e relevos cársticos. De acordo com o pesquisador e empresário, o leque de possibilidades para o setor se expandiu sobremaneira em 2008, quando o governo federal baixou o Decreto 6640, que dispõe sobre a proteção de cavidades naturais em todo o território nacional.
Diante da necessidade de mapear, estudar, proteger e avaliar o potencial impacto de grandes empreendimentos em regiões onde possuem cavernas, foi criada uma demanda de serviço ainda mais técnico para as consultorias ambientais espeleológicas. Ele explica que geólogos, geógrafos, biólogos, engenheiros ambientais, entre outros profissionais podem atuar no segmento. Ainda assim, conforme pontua, é uma área em que muitas pessoas têm curiosidade e dúvidas sobre como se inserir mercadologicamente.
Quem pensa que encontrar vestígios seculares sobre a humanidade e seres vivos que habitaram a terra é tarefa única de arqueólogos e paleontólogos está enganado. Isso porque, há outros profissionais em campo que, ao realizarem estudos em cavernas, se deparam com relíquias que resistiram aos séculos. São eles geólogos e espeleólogos.
Entre as principais atividades desenvolvidas pela Carste Ciência Ambiental está a avaliação ambiental de cavernas, cujo estudo é conhecido como espeleologia. Em suas mais de quatro centenas de trabalhos realizados desde 2006, a consultoria ambiental foi responsável pela descoberta e estudo de milhares de cavernas em vários estados do Brasil. Durante essas descobertas, os técnicos se deparam muitas vezes com sítios arqueológicos e paleontológicos.
“Cavernas são locais abrigados de agentes erosivos que degradam material orgânico e arqueológico na superfície, como sol, chuva e enxurradas. Por isso, elas conservam tão bem vestígios arqueológicos e paleontológicos”, explica Augusto Auler. Ele afirma que, ao longo dos anos, a consultoria foi capaz de fazer contribuições expressivas para o conhecimento arqueológico em regiões ferríferas do Pará e do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, assim como regiões calcárias mineiras. “Sítios com pinturas rupestres, vasos cerâmicos, material lítico (feitos em pedra) ou vestígios orgânicos, como ossos de animais extintos, foram encontrados e reportados aos clientes e, por fim, aos órgãos ambientais competentes.”
No Brasil, cavernas são protegidas pela Constituição Federal de 1988 e pertencem à União, ou seja, a todos os brasileiros. Ao longo dos anos, foram criados vários mecanismos, sob forma de instrumentos jurídicos, para detalhar como se dá essa proteção. “Um dos pontos mais interessantes das leis diz respeito à Portaria 887, de junho de 1990, do Ibama, que estabelece que a caverna deve ser protegida juntamente com uma área a seu redor de 250 metros”, explica Auler. “Pode parecer pouco, mas isso resulta em uma área total de 20 hectares, equivalente a mais de 20 campos de futebol de tamanho oficial”, destaca. “Cavernas, muitas vezes, ocorrem em conjunto, umas próximas a outras. A soma desses espaços de proteção muitas vezes resulta em áreas consideráveis”, observa.
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